segunda-feira, 18 de agosto de 2025

"Then it's the bomb"

 

Antes desassociado, agora obsidiado. Despertei eficiente em me ferir, pois não me recordo de outra linguagem útil. Dedilho por longas horas os gumes dos fios. Que dor somatizo! Decoro a canção. Corro na estrada. Canto a canção e corro. Que prazer o vento talha no meu rosto! Que charme rústico pronto para ser consumido! Corro e não chego ao destino, logo serei atingido...
Em casa retiro os óculos e ponho na mesa. Esfrego os olhos e desligo a luz. Ao pé da cama os chinelos brancos. O sépia se espalha. O monitor tremeluz. Ao trabalho, ao trabalho! Mas ignoro a voz da sensatez e cavo fundo. Encontro lama e piche e fossilizo. Meus versos estromatólitos. Eu meteorito. Pedra quente em estado de queda contínua.
Tudo gira nesse lado do Rio. Achei que uma semana seria o bastante para manter aquele desejo. Tenho que me esgueirar. Tenho que traficar meus verbos em parábolas. Não me ilumino, mas estou branco, mais alvo do que a neve. A cor triunfal do morte me amortalha os sentidos e me sobe um gosto completo de vazio. Quem sabe, nesse agora ignorado, eu já tenha encontrado contigo?
 
Spending warm summer days indoors
Writing frightening verse
To a buck-toothed girl in Luxembourg

Janice Whaley - Ask

2 comentários:

Juvenal Nunes disse...

Se nos perdemos temos que saber como nos encontrar.
Abraço amigo.
Juvenal Nunes

Davi Machado disse...

Receio ter me encontrado demais.
Abraço, Juvenal.