Uma puta semana. Fiz suporte. Fui suportado. E frase de efeito no fim.
Estive na clínica como acompanhante. Enquanto a médica se atualizava sobre os dois meses em que não viu a paciente, eu observava a fonte do gabinete do seu desktop: uma fonte paralela, com seletor de voltagem. Aquilo me dava arrepios. Mas eu não tinha intimidade suficiente com a doutora para dar palpite na configuração do seu PC. Foram umas cinco consultas assim — eu focado na fonte e respondendo aos telegramas da doutora, quando em vez.
Belo dia, ela trocou de fonte. Desta vez, uma com PCI ativo. Depois, um mouse novo. Um teclado mecânico: dava pra sentir na pele os clicks do switch azul, algo que só pode ter sido muito bem planejado. Escreveu a carta para o farmacêutico, carimbou e fomos nós.
E teve a minha vez. Uma assistente social. Um médico com um notebook. Um estagiário. E uma médica?, responsável pelo contato com este que lhes serve, vulgo eu. Não pude perceber qual clima se instalava no ambiente. Eu estava dormente, provavelmente possuído. Em cada pergunta, insisti em responder a verdade. E novamente enfrentei o espanto — agora já preparado. Saímos do consultório para deixar aquelas cabeças pensantes pensarem.
Nos chamam de volta. Pedem para a gente sentar. Me entregam o cartão amarelo com meu número de inscrição. Daí fui ficando coloquial. Aquela cor mudou algo em mim. Fiquei meio aquele meme do John Travolta no Pulp Fiction. Doutor Notebook me fez uma receita e, sussurrando, disse:
— Não se preocupem, a dose vai aumentar!
E riram muito.
And everything was made for you and me
All of it was made for you and me
'Cause it just belongs to you and me
So let's take a ride and see what's mine
Siouxsie and The Banshees – The Passenger
2 comentários:
Aqui na minha casa, todo dia é dia de gato.
Tenho uma felina adorável, ,silenciosa e adora me encarar ...
não entendo todo o tempo mas quando pisca os olhos sei que está dizendo que me ama ... rs
Eles tem uma própria linguagem de amor.
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