Pela manhã, depois do café, escolhi um poema para postar no Essentiae. Um soneto de comemoração. Postei nas redes e respondi uns recados. Desde fevereiro, data do início do tratamento, tenho sentido que, lentamente, alguma metamorfose acontece. De inseto a homem.
Primeiramente, pensei em criar um heterônimo. Escrever com liberdade e veracidade factual, sem me preocupar com os envolvidos. Mas não. Qual a graça de relatar a obviedade dos fatos sem pincelar nenhum traço de cor ou de brilho? Fico com meu nome. Criemos outros signos: será mais belo assim, será um exercício de ética. Entendo o que me disse um amigo sobre achar meu caminho, como Paulo de Tarso, entendo tarde. Já garotiei demais.
Sempre um estrangeiro. Onde quer que se vá, o outro nos incomoda — em sua constância ou não constância. Queremos mesmo é nos satisfazer, preencher as lacunas, quando a solidão está por toda parte. Ser objeto e tornar objeto, ter controle. Então me resta afundar a cara na literatura, na clássica majoritariamente. Ando, como antes, cansado
de mim. Penso em aumentar a dose da medicação por conta própria…
Tashaki Miyaki - Take My Breath Away

4 comentários:
Ah que interessante, Davi
Pensar alto é quase o que você faz. Isso é como uma catarse. Também gosto de escrever sem me preocupar onde tenho que colocar as virgulas...ou se vai ter quem leia ou se escrevo para ninguém. Vai com tudo na sexta-feira, amigo e sua presença sempre uma beleza!
abraços e bom sábado
Bom sábado, Lis. Escrever é dar fôlego de vida ao barro das ideias.
Às vezes só resta nos conformar e seguir em frente.
Boa semana, poeta.
Álvaro Pontes
Concordo, Álvaro. Nem sempre é fácil. Boa semana.
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