Nunca é tarde para a palavra. Que quero dizer? É exatamente isso: a palavra. Os algoritmos nos entregam, com suspeita rapidez, o produto, a performance vazia, vazia de quê? Sentido! A imagem, nesse scroll infinito, satura-se. Entretanto, a palavra, essa resiste milênios, perde significado, ganha outros rumos, decaem-lhe as propriedades do carbono, adapta-se animalescamente, sedimentam-lhe estromatólitos vocativos, flexionam-se as consoantes, amputam-lhe as tremas, os hifens, enfim, o ponto é este...
No entanto, palavras são somente palavras. Que quero dizer? Não somente isto: a palavra é. Ela é tão somente aquilo que nos traz sentido dentro do contexto, pois se não há contexto, não há nada, e nada absolutamente, o Nada fora do niilismo. E o que é o contexto da palavra, se não a consciência? — essa singularidade que deu vida a Deus!
No momento, parafraseando a Izabela Cosenza, boto fé na palavra orgânica. Na contemplação. Obviamente subvertendo o curso contemporâneo que nos leva, bovinamente, nesta manada desenfreada de estímulo e consumo, até nos descarrilar no desfiladeiro de um abismo indiferente ao nosso olhar. Encontro prazer neste universo oculto, nesse outrora que está aqui presente. E ainda há tanto para descobrir, tanto que uma vida só não basta.
Hoje amanhece vagarosamente no Condado. Um orgasmo!
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