quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Doppelgänger blues



 
Nunca quis ser outro. Estava satisfeito e completamente ciente de que estava vivo. É provável que existisse qualquer reclamação pelo trânsito, o rumo da esquerda. Totalmente aceitável que também se desagradava de um ou outro livro. Mas ser outro? Não definitivamente.

Nunca foi o mesmo. Está em constante estado de aluno e por raros instantes é possuído de luz e transborda, veja que o faz conscientemente. Vez em quando tromba em si. Olha-se ao avesso envaidecido. Oferece um trago. Já não se sabe qual é qual. Escrevem o mesmo livro e assinam o mesmo nome.

Nesse papo a dois nos pegamos pensando. Que será que se passa na cabeça de uma Musa? Você nos entende? Você mesmo que nos lê! Deve ser uma barra ser descrita por um poeta, não esses aí que não sofrem, mas um autêntico dramático, doente, apaixonado, neurótico e bom cozinheiro. 
 
 

sábado, 25 de outubro de 2025

Elis 1972 remixremaster

 


 

Sabe, eu sou da opinião de que o pós-punk é um amálgama de estilos que conversam entre si. A característica dele que mais curto é o estilo do baixo — o baixo elétrico que, quase sempre, aparece com um riff simples e hipnótico. Tem algo de tribal nessa tag. Não sei especificar com exatidão o que seria. A identidade está na cozinha: percussão e contrabaixo. 

O teclado é outro exemplo de protagonismo instrumental. Ele preenche o ambiente com textura, cor e temperatura. Aí deu um estalo! Eu devia ter saído para caminhar. Pra que serve saber que porra é pós-punk no Brasil? Eu deveria estar falando do que estou sentindo? Sabe quando você encontra alguém que te faz querer ser mais de você? 

Amar é tão fácil. Não existe o manual do amor. Ele é fácil. A gente simplesmente sabe com quem contar. Gostaria que você pudesse experimentar isso — se já não o conhece bem. Olha pelo lado positivo: consegui desenvolver o assunto nestes três malditos parágrafos que este servo agora tem de fazer, pois assim fica “mais bonito”. Só o diabo sabe o que eu acho ou não acho bonito

terça-feira, 21 de outubro de 2025

Sobre eventos e bookmarks

 


Ontem fui a um evento no ExpoRio. Obviamente para acompanhar minha Princesa C. Levei um livro e fones. Foi interessante e previsível, muito embora sejam quase antônimos esses adjetivos. Hoje tô um caco: sem fome, sem luz, sem viço, sem alma. Não ouço, não leio, não falo, vagueio. E tudo bem, né? É claro que do alto desses 38 anos já conheço minhas estações. O outono é passageiro, tudo se renova no tempo certo. Então dou um jeito de distrair meus demônios, faço versos... 
Aprendi muito bem como me portar e ser recíproco. Sei o que esperar dos resíduos dessas interações. Bem, estava quase chapado, o que me fez viajar pela Rússia de 1845. Cansei da França, cansei. Tive também um tempo para repensar amizades digitais. Sinto falta de uma em específico: I. C. Venta forte lá fora e as árvores do condado acenam. Tenho vontade de falar com I. C. Entender onde errei, ser claro, sem reticências. Mas o silêncio comunica bem. Também é resposta para tantas questões...
Me indignei por esses tempos. Em toda vasta Shopee não existe mais que uma pessoa comercializando marca páginas de Dostoiévski. Oh, pai, por que me abandonaste? Então abri o Canva e fiz eu mesmo uns 5. Acabei pegando gosto e fiz mais 5 para a Princesa C. dos seus prediletos: Pedro Bandeira, Aghata Christie, Betty Boop, Nelson Rodrigues e Donzela do Inferno. Para sua irmã L., uns 4 da Tomi Adeyemi. Espero que essa morbidez de agora não fique por muito tempo. Vem, Primavera. Meus olhos estão eclipsados.

quarta-feira, 15 de outubro de 2025

Instagram?




A arte está onde o povo está. Com essa máxima dou início à nova onda de textos desse espaço, esse desdiário passional. Quando voltei ao Insta percebi que há "blogs" lá, uma comunidade literária enorme, povinho que gosta de ler clássicos, assim como este servo. E por incrível que pareça, pois parece, houve certa aceitação da minha arte, o que me deixa eufórico, tendo em vista o prazer quase sexual que tenho em ser lido.
Vamos hiperfocar em quê? Este servo indaga! Por que não a Rússia? Sim, a Rússia. Enveredei pela coleção leste da Editora34, e meu leitor(a), que deleite! Dostô, Gógol e Tolstoi dançando a macarena no meu sótão. Convenci minha Princesa C. a ler também, e lá foi ela toda delícia com Gente Pobre na mão. Não gostuei, asmei! E o neopostpunk russo? Molchat Doma, maconha e O Capote de Gógol; outro trio dançante, haja sótão.
Não abandonei aqui, mas ando deveras dividido. A rigidez me fez focar tanto nesta plataforma que não pude ver o que perdia pelo lado de lá. Ouvi, outro dia, uma singela anedota da minha crush, prof. Lúcia Helena Galvão: "Um homem passa pela janela da sua casa e flagra sua esposa cavalgando no vizinho no sofá. Ele brada: – resolverei esse problema! venderei o sofá! As redes não são o problema! Estamos culpando o sofá." Ah, Lúcia Helena, que luz!

Ты же не видишь меня, ты же не знаешь кто 
яTy zhe ne vidish' menya, ty zhe ne znayesh' kto ya