sexta-feira, 11 de julho de 2025

Ser estranho

 


 

Faz tempo que entendo de estranheza, inclusive da sua confecção. Ainda criança observava coisas de maneira analítica, aí iniciei a mania das notas. Quando servi na Força Aérea, isso tornou-se muito mais evidente, devido ao grande número de espécimes para comparação. O isso de ser assim, não como sou, mas como me enxergam, que por esse sentido pomos sentido em tudo, até na identidade nossa e de outrem.

Sou detentor, segundo alguns, de um olhar psicopata. Sempre ouço que sou sério demais. Mal sabem que na maior parte do tempo estou pensando em matar minha Enorme Bestia de la Rica.

Aqui com meus duplos clicks, penso: todo mundo tem algo de estranheza para alguém, oscila na medida de quantos traços a mais ou a menos. Então uns fazem check em muitos itens, outros menos. A evidência está nos contrastes, como a própria beleza admite-se.

Não me ajuda gostar do que gosto, nem fazer o que me faço, mas o que seria o mundo sem vates e doidinhos? Perdão pelo pleonasmo.

Ter um gato

 

 
Você pensa que os tem, mas quem nos tem são eles. 
Tem-me a Lua. Essa gata cheia de nãometoques foi acolhida em nossa casa com seu irmão, o finado Pacato, e com sua mãe, Bolacha. Servíamos de lar temporário até que, por apego deliberado, passamos a lar infinito. Desde então ela nos tem.
Aqui me intriga o fato de que minha mãe sempre tratou bem seus gatos, por mãe entenda-se "narcisista psicótica que faz um ótimo bobó de camarão". Penso agora que há um paralelismo entre minha genitora e o Bigodinho Alemão: esse amor por animais. Não se assuste, nem me imponha o julgamento desnaturado, desumano, ingrato aos pais, veja que só falei de minha mãe, não do meu pai, e o fato de ter me parido não a isenta das atrocidades que cometeu, além de me parir. Mais tarde abrirei esse leque.
Perdi a conta de quantas vezes pertenci a um gato, aliás, cheguei a ser de cinco ao mesmo tempo. Era uma felicidade elevada à quinta.
Pensei em trocar o título para Ser de um gato, mas a beleza da conversão do assunto talvez perdesse o punch

O que pretendo?


Pensei neste espaço como um diário. Sim, um diário, por que não? Foi assim que comecei, lá pros 11 ou 10 anos, a escrever. 
É certo que meus familiares não sabem desse desvio de caráter, os tenho em meu coração, não serei eu esse monstro a lhes expor tal agrura! Deus os livre!
É terápico o emprego da palavra escrita, digo, digitada. Arrependo-me de tanta coisa; queimei meus primeiros cadernos de versos, pensamentos, desenhos, tive também alguns livros queimados. O que mais doeu foi aquela edição de As flores do Mal da Nova Fronteira, aquela com a capa vermelha. Digamos que fiz por merecer o castigo.
Então, que pretendo? Ainda não o sei bem, espero descobrir no caminho.